quarta-feira, 6 de agosto de 2008

# 8 Do crepúsculo


eu gosto de sair no crepúsculo da tarde.
na hora em que a normalidade se recolhe.
e volta ao conforto do lar.
ao calor da família.
na hora em que se acendem as luzes dos prédios.
e na rua ficam os estranhos.
os tantos outros seres marginais.
os sós, os tristes, os malucos, os profetas.
pedintes, mulheres, artistas, marionetas da vida.
deambulando, ou se encostando às esquinas da praça.
os videntes e os apaixonados (muito cedo para ir para casa)
os turistas em excursão para jantar.
os homens do lixo

[e a amelie poulain de bicicleta!]

sexta-feira, 18 de julho de 2008

monkey post

sábado, 5 de julho de 2008

in english "bin bone".. =D

quinta-feira, 3 de julho de 2008

para já vamos curtindo uma boa musica...
com um copo de Super Bock na mão :)





[a propósito do festival SBSR, a decorrer amanhã e sábado no Porto]

mesa 4 saxavor

a ausência tem sido muita mas...
...já já sai uma posta



fresquinha!

domingo, 8 de junho de 2008

anos e anos e nao me canso desta musica...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

a cereja e a papoila de Trás Os Montes

(©silvia.magalhaes)
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este fim de semana foi LINDO!
apanhamos cerejas, passeamos, vimos o nosso Portugal mais profundo que é simplesmente lindo...comemos pistachio em cima da cama, conversamos, e ainda tivemos uns "sobressaltos" logísticos engraçados... =)
tudo isto em 2 dias!
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Aos 3, obrigada pela companhia e pelo passeio ;)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

andy warhol feet

(©silvia.magalhaes)

aquelas notas perdidas

encaixadas na batida

naquela batida

que fecha os olhos

e abre o sorriso

e os pés que dançam

de todas as cores

dançam no ar

flutuam e vagueiam

por esse mundo fora

sem rumo

mas com norte definido

[lis de lua]


domingo, 11 de maio de 2008

my new home


terça-feira, 6 de maio de 2008

i'm the mother fliplen..yeahh

domingo, 4 de maio de 2008

farturas flores e fogo no ar!


Alguns anos depois...


...adorei voltar às minhas Festas das Cruzes!

[...e aqui fica a lenda das Cruzes que já nem eu me lembrava!]

A lenda do Milagre das Cruzes, muito antiga, está ligada à aparição de uma cruz acompanhada da figura de Deus, a um sapateiro barcelense.

"......O povo fez aparecer, no local da aparição, uma ermida em honra do senhor da Cruz às costas, venerado numa imagem que um mercador destas terras trouxe de Flandres. A lenda, entretanto, explica de outro modo a presença da imagem . Segundo a tradição o Senhor da Cruz era irmão dos Senhores de Matosinhos e de Fão os quais teriam sido lançados à água em terras distantes. A corrente tê-los-ia lançado um à praia de Matosinhos, outro à de Fão e o terceiro teria subido o rio Cávado até Barcelos , onde almas caridosas lhe deram na ermida do Senhor da Cruz, de onde nunca mais foi demovido...."

terça-feira, 29 de abril de 2008

shall we dance?


Me olvides yo me muero
Amor mi vida es sufrimiento
Yo te quiero en mi camino
Por vos cambiaba mi destino

Ay, abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos.

Tengoun corazón penando
Yo séque vos lo está escuchando
Con mil lágrimas te quiero
Pasión sos mi amor sincero
Ay, abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí abrázame
a ti por Dios
entrégate a mis brazos

[rodrigo leão]

[a propósito do Dia Mundial da Dança]

domingo, 27 de abril de 2008

alerta que nunca é demais

Este vídeo do VALE A PENA VER aqui de baixo fez-me realmente pensar.. Meu Deus, estamos mesmo "vidrados" em coisas! Parece mesmo um cliché dizer isto, mas até que ponto pensarmos que é um cliché nos faz mudar alguma coisa?.... Muito pouco provavelmente.
Com este vídeo parece que houve aquele click, como é realmente estúpido estarmos sempre a comprar coisas e a enfiá-las dentro de casa. Compramos e enfiamos em casa. Como a casa é limitada, vamos deitando coisas que já não nos "servem" (porque estão fora de moda?!) fora. O nosso armário não é pequeno, nós é que temos roupa a mais! Por exemplo, o meu telemóvel que já tem uns 3 ou 4 anos e está fora de moda.. ou me chateia porque tenho de carregar 20 xs para escrever uma mensagem. Estava mesmo a pensar trocá-lo por pontos (mais uma treta para nos fazer gastar mais dinheiro) Mas depois disto, que se lixem os pontos. Consigo ligar e atender chamadas... por isso já está bom demais! Há de durar uns anos mais..

E repito aqui alguns dados deste estudo para que nos fiquem a martelar na cabeça:
1 caixote de lixo nas nossas casas equivale a 12 numa fase de produção dos produtos (?!?!)
2000 árvores a cada minuto são abatidas na Amazónia (?!?!?!?!?!?)
7 campos de futebol !
80% das florestas originais do planeta ja desapareceram irreversivelmente...
isto é muito grave mesmo...

Afinal, não é mesmo utopia, este mundo assim deve mesmo ter os dias contados. O pior é que parece que já vamos um pouco tarde para corrigir alguma coisa a sério. Mas há que ter esperança. Eu vou tentar fazer um pouco mais a minha parte... e começo já pela insignificância de não trocar de telemóvel. Vamos tentar aumentar estas insignificâncias no nosso dia a dia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

VALE A PENA VER

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ainda gil

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar

É sempre bom lembrar
Guardar de cor
Que o ar vazio de um rosto sombrio
Está cheio de dor

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa a metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

[gilberto gil]

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Este Sábado no Coliseu do Porto



...e eu vou!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

"agora sim" - a explicação

[...preparem-se que é bomba..sentem-se, respirem e bebam um gole de água...]

... agora sim está restabelecida a ordem natural das coisas:

Os pilares continuam verticais e as vigas continuam horizontais.

[eu não disse que era bomba?! =) deixem lá... só mesmo eu entendo isto!]

sábado, 5 de abril de 2008

... agora SIM!

quarta-feira, 2 de abril de 2008


j.C.)

adoro o horário do verão !

sexta-feira, 28 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008


O granito, o cinzento. A chuva. Os cheiros. As pessoas (tão típicas!). O metro-eléctrico. O rio Douro. O pôr do sol na foz. A francesinha. O dragão. A VCI. O nó de Francos! A Leitaria Quinta do Paço. A livraria Lello. Os leões. A Miguel Bombarda e suas galerias. Estação de São Bento. A Ribeira. Serralves. Marechal Gomes da Costa. Casa da Música. Santa Catarina. A ponte Dom Luis. A Boavista. O shopping Brasília. A Constituição. Paranhos e o Hospital São João. A padeirinha de Paranhos. A circunvalação. Parque da Cidade. Praça Dom João I. Lapa.

[©silvia.magalhaes]



É bom estar de volta ao Porto!

sábado, 22 de março de 2008

#7 Salada de fruta tropical

Era uma vez uma goiaba (porque adoro goiabas!). Era o primeiro dia dela na feira. Regressava a casa depois de um tempo a rodar outras feiras. Fora recomendada pelo cupuaçu, colega de escola dos tempos das apanhas no sertão e que já trabalhava naquela há uns meses. A feirinha era colorida. Havia frutas para todos os gostos e feitios. Grandes, pequenas, duras ou macias, ásperas ou suaves, suculentas ou com menos sumo. Havia umas mais doces, outras mais amargas. Enfim, qualquer pessoa saía bem servida conforme os gostos. A goiaba logo se habituou ao seu cesto. A única coisa que queria era ser apreciada como as outras frutas e ser reconhecida pelas suas qualidades. A goiaba é rosada, tem umas pequenas sementes no seu interior e, quando madura, torna-se doce e suculenta.
Mas a concorrência na pequena feirinha da Beira Mar era feroz! Havia frutas que saltavam do seu cesto e insistiam em exibir-se. A goiaba achava aquilo algo estranho, já tinha passado por outras feiras e não tinha visto nada assim... Mas lá continuava na sua. Havia uma fruta em particular, o caju, - não o fruto seco, esse é só a semente da verdadeira fruta - que insistia em ficar na primeira fila em todas as frentes da bancada, repetindo e desgastando até a sua imagem. O caju é uma fruta estranha. Com um aroma muito bom, nota-se à distância. O sabor inicial também é muito bom, mas depois começa a secar.. e no final deixa um trago amargo na boca. De modo que é bem melhor comer ‘sorvete’ de caju do que a fruta em si.
Chegaram as placas com os nomes e os preços e o caju logo agarrou a maior, sem sequer questionar as suas colegas frutas. Na boa, pensava a goiaba, não é o tamanho da placa que me faz melhor ou pior. Chegaram novos cestos e pimba! Lá estava ele na linha da frente, dispensando regras de etiqueta e saudável convivência. Certo dia, a goiaba perguntou as horas ao caju: "Caju, tens horas?" - "Horas? São duas e meia. A propósito, hoje cheguei às seis da manhã aqui à feirinha, estava mesmo escuro..Quer dizer, se contar com o tempo de estacionamento mais o café, cheguei às cinco. Isto quando ontem saí daqui às duas da manhã.. Humm, afinal acho que nem fui a casa!"
De vez em quando, distribuía a sua castanha (o tal fruto seco que conhecemos por aqui) para curar algum mal entendido... Por momentos parecia sociável. Mas logo voltava ao ataque. Passava um cliente, e o caju descaí-se para ser notado. Passava uma brisa de vento e logo se ouvia o caju a pronunciar-se sobre a velocidade do vento, norte, sul, possíveis causas e efeitos. Antes mesmo do vendedor espirrar, ouvia-se o ‘Santinho!’ proferido pelo caju. Era importante cair nas graças do vendedor e dos clientes. As outras frutas ali do lado eram só um empecilho colorido à sua volta (com elas não era preciso haver grandes entendimentos..) Mas era bem colorido. E animado. Havia frutas castiças, outras mais calmas, mas o ambiente em geral era muito bom. A goiaba gostava de lá estar. Gostava em especial da tripla açaí com banana e guaraná. Tripla polémica, mas séria no seu trabalho. Tinham assente que a união lhes conferia mais sabor - uma lição que o caju nunca percebeu...-. Séria mas divertida ao mesmo tempo. Eram as mata-esfola-"vai lá confirmar que morreu mesmo"! Uma falava, as outras assinavam por baixo, aquilo é que era trabalho em equipa.
E à hora do lanche servia-se uma verdadeira salada de fruta. As outras bancas paravam para a olhar. Era colorida, viva, coesa. Havia siriguelas, graviolas (deliciosas estas!), açaís, papaias, umbus, cajás, mangas, abacaxis...muita fruta! (o caju raramente se juntava…não devia gostar de confusão). Tudo reunido para vender mais e melhor. Trabalhava-se muito naquela feirinha. Muitos clientes passavam até altas horas e era preciso dar o litro. Estava em franca expansão e era preciso apanhar a carruagem das feiras vizinhas.
Mas apesar disso, a goiaba percebeu que não havia lugar para ela naquele lugar. Não de acordo com a sua maneira de fazer as coisas... E que haveria feiras melhores para ela mostrar as suas capacidades. Então decidiu seguir para a seguinte. Havia muitas feirinhas à Beira Mar por explorar!
::::::::::
[as frutas são típicas do nordeste brasileiro - e as graviolas são mesmo as melhores!! - M. fico à espera da salada de fruta portuguesa ;) ]

quinta-feira, 20 de março de 2008

franchising moleskinet


Adorei descobrir que o meu homónimo italiano se dedica à fotografia. Take a look!

[clica na fotografia]
Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não interessa o que ela já alcançou mas o que ambiciona
[gibran kahli]

domingo, 16 de março de 2008

sem título

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

[sophia de mello breyner andresen]

# 6 Do ridículo II

...ainda a propósito do que dizia no post anterior, leiam isto e vejam como se pode ter um momento verdadeiramente telepático ... são muitos anos!!

(sem estarem juntas há umas semanas, sem terem visto o post uma da outra - lógico -, e que, por acaso, almoçaram juntas - um maravilhoso sushi!! - mais tarde nesse dia)

quarta-feira, 12 de março de 2008

# 6 Do ridículo

Sempre desconfiei das pessoas que se levam a sério demais. Que não riem, a não ser das suas auto-piadas-clichés. Que ouvem mas não escutam os outros. Que falam ininterruptamente sem necessidade de serem realmente escutadas. Daquelas que levantam as sobrancelhas para falar com a pessoa a meio metro de distância, como se estivessem a falar para o auditório todo. Que não olham nos olhos. Que não estabelecem uma ponte, como que tomados por uma presunção de esguelha pseudo-política. Que despejam clichés a toda a hora, denotanto um claro insulto à inteligência do interlocutor. Que, por qualquer motivo, se acham superiores.
Mas, sobretudo, das pessoas que não sabem rir de si próprias, como se elas fossem diferentes e não soubessem do ridículo que habita nelas, que habita em cada um de nós, inevitavelmente. Que não arriscam a exposição de uma bacorada, de uma piada sem graça. Que não arriscam.
Em paralelo a estas, estão aquelas que não perguntam, só afirmam. Com a convicção de quem vai levantar um prémio da lotaria. Porque não se toleram a dúvida nem a insegurança. Só pergunta quem sabe...já dizia o outro!
Mas voltando ao ridículo....todo o ser humano conhece bem dentro de si o seu ridículo e ainda bem que o disfarça...Mas é também esse ridículo que o aproxima dos outros seres humanos. Porque afinal, somos todos tão iguais nos nossos medos e angústias e expectativas e sonhos.
Mas há pessoas que na imbróglia tentativa de o abafar (ao ridículo), tornam-se ainda mais ridículas. E fazem desabrochar o um novo tipo de ridículo.
O ridículo inconsolável das pessoas sérias demais!

domingo, 9 de março de 2008

#2 gosto (do vinicius)


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
[extático da aurora.
[vinicius de moraes]

sábado, 23 de fevereiro de 2008

"Se" by Djavan

Ontem à noite deu-me uma vontade estúpida de ouvir esta música:



Tantas recordações! Linda linda linda demais... E mais uma viagem aos trópicos do meu coração. Ai que chatice, lá vem a nostalgia...
Sim, e depois??
Sabe tão bem dar lá um pulinho de vez em quando!

(e sobretudo quando se está de molho em casa com febre =/)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

get free!





'Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor o seu eu verdadeiro.
Expor suas ideias e sonhos em público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas, abrem mão da sua liberdade.
Só a pessoa que arrisca é livre...
Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida...'


[soren kiekegaard]

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

ROTINA

aps )


Ao abrir a janela do quarto para outras janelas de outros quartos,


ao veres a rua que desemboca noutras ruas,


e as pessoas que se cruzam, no início da manhã,


sem pensarem com quem se cruzam em cada início da manhã,


talvez te apeteça voltar para dentro, onde ninguém te espera.


Mas o dia nasceu - um outro dia,


e a contagem do tempo começou a partir do momento em que abriste a janela,


e em que todas as janelas da rua se abriram, como a tua.


Então, resta-te saber com quem te irás cruzar, esta manhã:


se o rosto que vais fixar, por uns instantes, retribuirá o teu gesto;


ou se alguém, no primeiro café que tomares,


te devolverá a mesma inquietação que saboreias,


enquanto esperas que o líquido arrefeça.


[nuno júdice]


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Le Poison

Este vídeo está qualquer coisa de fantástico... vale a pena ver... e já se sabe, não facilitar! ;)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

#6 Do Samba e do Fado

Não gosto muito do Carnaval. Mas adoro samba. E a propósito do 1º ouve-se mais do segundo. Essa musiquinha do boteco e do final da tarde. Do pandeiro e do tamborim. Que me faz dançar até me fartar! Fico realmente parvinha de emoção ao ouvir um bom samba... Seja partido alto ou choro. É bom demais!


[recupero um texto que escrevi nas Caipiroskas a propósito do samba]

O samba está para o Brasil como o Fado está para Portugal.
Ambos retratam muito do que são um e o outro país. Ambos são ícones ou referências como estilos musicais dos respectivos. Muitas vezes poemas cantados são melhores que poemas recitados. Sambas e fados são normalmente lindos poemas que, em jeito de marchinha ou mais melodiosos, conseguem atingir-nos bem lá no fundo.
O Fado, do latim "fatum" (destino) é melancólico, não triste porque ninguém gosta de tristeza. Mas é melancólico e nostálgico. Cantos da alma, alusões a mágoas e amores perdidos, esquecidos, deixados para trás... Saudade, ciúme ou os assuntos rotineiros dos bairros lisboetas. Também há outros que exaltam a Pátria, o passado e os seus tempos aúreos. A guitarra portuguesa tem tanto protagonismo num fado com a grande voz que precisa ter o(a) fadista.Mas nem todos são tristes. Temos os fados corridinhos, mais animados. Uma espécie de alegria contida dentro de uma certa formalidade. Li algures que os portugueses têm um terrível medo do ridículo e por isso são excessivamente críticos. Dei por mim a pensar como é verdade. Como conheço tanta gente assim e como eu própria sou assim! Somos ainda mais ridículos por não assumirmos os nossos ridículos...Foi só aqui, longe do meu país e, por isso, mais atenta ao que de bom temos por lá (é preciso fazer auto-propaganda) que passei a ouvir mais fado e a apreciar...
Já o Samba (parece que o nome vem de um ritmo africano chamado semba)... começa com batuque, vai animando, e dali a nada está no pique máximo (então se for um Partido Alto, "bota pra arrombar"!). Existem vários estilos, desde este Partido Alto, ao Pagode, mais fluído, Samba Enredo, Bossa Nova (que eu adoro) e por aí vai..
É, sem dúdiva, um estilo alegre, ou não fosse o género usado na maior festa do Planeta - o Carnaval do Rio de Janeiro!(em paralelo com o Axé de Salvador)Mas se repararem, algumas letras também são tristes. Mas cantadas de um jeito como quem está a dar o "passo em frente" ou como aqui se diz "bolar para a frente" ou seguir que "a fila anda". O tom é triste mas o astral é positivo! E formalidade, nenhuma! Descontracção total. Formalidade não combina de todo com o Brasil, isso é facto....Quanto à tristeza subtil ou não, também não acho que seja negativa, porque a tristeza inspira os mais belos poemas e composições. Já dizia Vinicius:
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não
Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste, não
Põe um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
(Samba da Benção)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Una picolla

rui nabais)


Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.

[jorge de sena]