terça-feira, 16 de outubro de 2007

#4 Dos limites

Hoje tive uma interessante ‘discussão’ sobre os limites. Os limites que cada um de nós acha razoável para determinadas coisas, nomeadamente, coisas que não nos fazem muito bem… como sejam as drogas, o tabaco, o álcool ou qualquer outro vício prejudicial ao nosso bem-estar e saúde. O meu colega dizia que um determinado músico não cantava bem porque estava sempre bêbado em palco e, ainda porque estava bêbado, falava em vez de cantar. Por beber, automaticamente cantava mal. Por beber, automaticamente era um vadio sem qualquer valor. Depois disse que era completamente anti-alcool, anti-drogas, anti-vícios!
Bem, eu também me acho anti-tudo isso, mas não tão radicalmente ou com limites tão rígidos como os do meu colega.
E só quando me atinge a mim ou ‘aos meus’, próximos e a quem eu quero bem. De resto, acho que um copo aqui e ali só faz bem à alma e à batida cardíaca.. (há-de haver um estudo americano para provar isso!). Tal como não me chateia um cigarro à noite num bar, mas não à minha beira quando estou a almoçar.
Também acho que aquele velhinho que não dispensa os dois dedos de whisky com gelo depois do almoço, ou uma boa patuscada, vai preferir viver dois anos com esses pequenos prazeres que a vida ainda lhe oferece do que quatro anos e sete meses sem eles.
O Salvador Dali também só conseguia ter aquelas visões surrealistas quando se drogava. E o que seria da Arte Moderna sem a girafa a arder??
Se o nosso músico gosta de um copito aqui e ali e se com isso tem acessos de inspiração que o fazem compor músicas perfeitas, porquê julgar isso? Ficávamos todos mais pobres se ele não tivesse esses acessos (mas é claro que em palco preferimos alguma sobriedade).
Perdemos muito tempo a julgar e a moralizar, quando essa opção só nos diz respeito a nós. E alguns (de nós) arriscam mais, para nos poderem presentear com algo mais também.

12 comentários:

Maurette disse...

Também acho que não é saudável julgar os outros com base nos nossos rígidos padrões. Cada ser humano é um mundo em si, e as razões internas de cada um para agir dum modo ou de outro são insondáveis mesmo. Já dizia um velho ditado brasileiro: "Coração dos outros é terra que ninguém pisa." Não é justo desqualificar uma pessoa por causa da bebida, por exemplo. Podemos até nos preocupar se alguém que queremos bem passa dos limites com o álcool ou drogas, mas isto é porque amamos a pessoa e não queremos perdê-la para coisas como o copo, o pó, a seringa, por exemplo. Mas não sabemos o que lhe vai na alma. A humanidade já produziu centenas, milhares de artistas que, com toda sua grandeza (ou talvez por isso mesmo), sucumbiram a vícios. E apesar disso continuaram grandes porque a história não lhes negou o valor. Quem somos nós, afinal, deuses, para nos sentirmos nesse direito? Qualquer um de nós pode ser dependente de algo inconfessável, portanto... É claro que não queremos que o nosso músico se perca, pois o amamos com sua arte, mas devemos a ele o respeito que merece para além de qualquer copo. Bravo, menina!

Anónimo disse...

Se o concerto do Jorge Palma, em Barcelos, ñ fosse só em Novembro (mas podem tê-lo visto noutro sitio...) diria que foi por causa dele que tu e o teu amigo discutiram pois enquadra no perfil do cantautor... um copinho e o belo do cigarrinho a acompanhar... ñ, ñ o estou a criticar pois já faz parte da sua natureza, mm que lhe vá estragando as cordas vocais ao mm tempo que lhe vai dando um tom mais rouco, uma voz mais grave...
mas ñ fugindo ao assunto, cada um tem o seu peso e a sua medida para tudo na vida, e ñ se pode radicalizar cm o teu amigo afinal ele deve ter algum vício e mm ñ sendo estes que vocês falaram ñ quer dizer que faça menos mal à saúde... e esses antis todos dele são preocupações pela saúde dos outros (e digo dos outros pq nem todas o afectam directamente, claro que o cigarro na mesa do lado qd almoçamos incomoda muito ou alguém alcoolicamente alegre num bar ou situação idêntica... mas ñ afectam sempre, acho eu) ou só uma moral rígida e inflexível... bem mas quem sou eu p estar a julgar ou a comentar a opiniões dele... acho que em parte sou anti este meu comentário.

Anónimo disse...

Pior acho quem se sente superior por não fumar, não beber, não se drogar. Mais não é que um tipo de vício. Porque enquanto impõe limites aos outros, esquece-se que alguns dos seus vícios são absurdos para quem fuma bebe e se droga (esbanjar o dinehiro em carros e roupas e ferias na rep. dominicana).

E isto dava pano para mangas. Prefiro uma noite de bebedeira (tocadita, vá lá) com amigos, do que enterrar-me em dívidas para parecer bem vista e socialmente invejada.

E eu fumo, eu bebo e um charro ou outro ja entrou. E aposto que se passarem um dia comigo não o conseguem descortinar.

Olhos que não vêem, coração que não sente!

Anónimo disse...

Como em tudo na vida, nunca gostei de fazer generalizações. Acho engraçado comparar um fumador com alguém que gosta de passar férias na República Dominicana e "esbanja" o seu precioso dinheiro, como se ele não fosse feito para ser gasto... quer seja em férias quer seja em cigarros. E se o tal individuo que esbanja o seu dinheiro nas Caraíbas for um daqueles fumadores compulsivos?
Bem, a verdade é só uma, ninguém gostaria de encontrar na rua uma pessoa esbanjadora de carros de alta cilindrada e que pertencesse ao mesmo tempo aos alcoólicos anónimos! Livrem-nos desta situação, por favor!

Anónimo disse...

livrem-nos? ou não...

ÁguaDiCoco disse...

Maurette: é impressionante, vcs têm sempre "a expressão" para toda a situação!
"Coração dos outros é terra que ninguém pisa" não conhecia.. obrigada pelo comentário! Complementa na perfeição tudo o que eu quis dizer.. ;)
Anonimo, não digo que não, não digo que sim..afinal, tu tb és anónimo! =P
Claudette, eu descortino-te facilmente... hehe (mas isso sou eu que já a conheço há MUITOS anos! =D )
Fora isso, confesso que esses vícios de consumo fazem-me mais dó..(quando implicam gastos maiores que os ganhos! senão é como o Vicente diz, cada um sabe como gastar o seu dinheiro, desde que o tenha para gastar..)
Vicente, tb tens razão no que dizes, não podemos generalizar e temos sempre essa terrível tendência. Sim livrem-nos de alcoólicos-anónimos-amantes-de-carros!! lol..

Anónimo disse...

Eheheh! Eu exagerei bué! Mas para dizer que cada um sabe onde gastar o seu dinheiro, desde que depois não venha chorar pra mim.

E há vícios do camandro!
Eu sou viciada em queijo!
O meu pai em pão.
Esta gaja em arrancar peles dos lábios.

Quem me aponta o limite? Onde está a barreira?

"Coração dos outros é terra que ninguém pisa!" gostei e apoiei.

Anónimo disse...

E só mais uma coisinha. Quem critica (o colega que mencionas no post) tão veemente alguém por fumar e beber (como se fosse uma aberração. Ai! Ai! livrai-nos do mal...) não pode ter os parafusos todos! E para mim encaixa num perfil.

Mas não vou adiantar mais, a não ser que seja para conversar no café.

Anónimo disse...

num post sobre limites e anti radicalismos ou não estou a sentir algum anti-anonimato, que há descriminação por causa disso... :(

Mas em relação aos AA, se a pessoa esbanjadora de € em carros de grande cilindrada pertencer a este grupo ñ há problema em encontrá-la na estrada a seguir a uma reunião dos mm, ñ devem ter estado a beber... e vamos ter + fé neste grupo afinal começar já é reconhecimento de um problema... venham tds p a estrada!!!!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

um problema no pc e acabei por repetir o post, dá p apagar...

Viva os AA, mas não num carro de grande cilindrada, porque são perigosos, lá estamos a generalizar outra vez!!!

ÁguaDiCoco disse...

Anónimo, não sou anti-anonimato, desde que comentes com respeito (como de resto tens feito). Mas também vejamos que não tens todos os direitos neste blogue, nomeadamente que eu te diga a quem me refiro =) Abraço