sexta-feira, 28 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008


O granito, o cinzento. A chuva. Os cheiros. As pessoas (tão típicas!). O metro-eléctrico. O rio Douro. O pôr do sol na foz. A francesinha. O dragão. A VCI. O nó de Francos! A Leitaria Quinta do Paço. A livraria Lello. Os leões. A Miguel Bombarda e suas galerias. Estação de São Bento. A Ribeira. Serralves. Marechal Gomes da Costa. Casa da Música. Santa Catarina. A ponte Dom Luis. A Boavista. O shopping Brasília. A Constituição. Paranhos e o Hospital São João. A padeirinha de Paranhos. A circunvalação. Parque da Cidade. Praça Dom João I. Lapa.

[©silvia.magalhaes]



É bom estar de volta ao Porto!

sábado, 22 de março de 2008

#7 Salada de fruta tropical

Era uma vez uma goiaba (porque adoro goiabas!). Era o primeiro dia dela na feira. Regressava a casa depois de um tempo a rodar outras feiras. Fora recomendada pelo cupuaçu, colega de escola dos tempos das apanhas no sertão e que já trabalhava naquela há uns meses. A feirinha era colorida. Havia frutas para todos os gostos e feitios. Grandes, pequenas, duras ou macias, ásperas ou suaves, suculentas ou com menos sumo. Havia umas mais doces, outras mais amargas. Enfim, qualquer pessoa saía bem servida conforme os gostos. A goiaba logo se habituou ao seu cesto. A única coisa que queria era ser apreciada como as outras frutas e ser reconhecida pelas suas qualidades. A goiaba é rosada, tem umas pequenas sementes no seu interior e, quando madura, torna-se doce e suculenta.
Mas a concorrência na pequena feirinha da Beira Mar era feroz! Havia frutas que saltavam do seu cesto e insistiam em exibir-se. A goiaba achava aquilo algo estranho, já tinha passado por outras feiras e não tinha visto nada assim... Mas lá continuava na sua. Havia uma fruta em particular, o caju, - não o fruto seco, esse é só a semente da verdadeira fruta - que insistia em ficar na primeira fila em todas as frentes da bancada, repetindo e desgastando até a sua imagem. O caju é uma fruta estranha. Com um aroma muito bom, nota-se à distância. O sabor inicial também é muito bom, mas depois começa a secar.. e no final deixa um trago amargo na boca. De modo que é bem melhor comer ‘sorvete’ de caju do que a fruta em si.
Chegaram as placas com os nomes e os preços e o caju logo agarrou a maior, sem sequer questionar as suas colegas frutas. Na boa, pensava a goiaba, não é o tamanho da placa que me faz melhor ou pior. Chegaram novos cestos e pimba! Lá estava ele na linha da frente, dispensando regras de etiqueta e saudável convivência. Certo dia, a goiaba perguntou as horas ao caju: "Caju, tens horas?" - "Horas? São duas e meia. A propósito, hoje cheguei às seis da manhã aqui à feirinha, estava mesmo escuro..Quer dizer, se contar com o tempo de estacionamento mais o café, cheguei às cinco. Isto quando ontem saí daqui às duas da manhã.. Humm, afinal acho que nem fui a casa!"
De vez em quando, distribuía a sua castanha (o tal fruto seco que conhecemos por aqui) para curar algum mal entendido... Por momentos parecia sociável. Mas logo voltava ao ataque. Passava um cliente, e o caju descaí-se para ser notado. Passava uma brisa de vento e logo se ouvia o caju a pronunciar-se sobre a velocidade do vento, norte, sul, possíveis causas e efeitos. Antes mesmo do vendedor espirrar, ouvia-se o ‘Santinho!’ proferido pelo caju. Era importante cair nas graças do vendedor e dos clientes. As outras frutas ali do lado eram só um empecilho colorido à sua volta (com elas não era preciso haver grandes entendimentos..) Mas era bem colorido. E animado. Havia frutas castiças, outras mais calmas, mas o ambiente em geral era muito bom. A goiaba gostava de lá estar. Gostava em especial da tripla açaí com banana e guaraná. Tripla polémica, mas séria no seu trabalho. Tinham assente que a união lhes conferia mais sabor - uma lição que o caju nunca percebeu...-. Séria mas divertida ao mesmo tempo. Eram as mata-esfola-"vai lá confirmar que morreu mesmo"! Uma falava, as outras assinavam por baixo, aquilo é que era trabalho em equipa.
E à hora do lanche servia-se uma verdadeira salada de fruta. As outras bancas paravam para a olhar. Era colorida, viva, coesa. Havia siriguelas, graviolas (deliciosas estas!), açaís, papaias, umbus, cajás, mangas, abacaxis...muita fruta! (o caju raramente se juntava…não devia gostar de confusão). Tudo reunido para vender mais e melhor. Trabalhava-se muito naquela feirinha. Muitos clientes passavam até altas horas e era preciso dar o litro. Estava em franca expansão e era preciso apanhar a carruagem das feiras vizinhas.
Mas apesar disso, a goiaba percebeu que não havia lugar para ela naquele lugar. Não de acordo com a sua maneira de fazer as coisas... E que haveria feiras melhores para ela mostrar as suas capacidades. Então decidiu seguir para a seguinte. Havia muitas feirinhas à Beira Mar por explorar!
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[as frutas são típicas do nordeste brasileiro - e as graviolas são mesmo as melhores!! - M. fico à espera da salada de fruta portuguesa ;) ]

quinta-feira, 20 de março de 2008

franchising moleskinet


Adorei descobrir que o meu homónimo italiano se dedica à fotografia. Take a look!

[clica na fotografia]
Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não interessa o que ela já alcançou mas o que ambiciona
[gibran kahli]

domingo, 16 de março de 2008

sem título

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

[sophia de mello breyner andresen]

# 6 Do ridículo II

...ainda a propósito do que dizia no post anterior, leiam isto e vejam como se pode ter um momento verdadeiramente telepático ... são muitos anos!!

(sem estarem juntas há umas semanas, sem terem visto o post uma da outra - lógico -, e que, por acaso, almoçaram juntas - um maravilhoso sushi!! - mais tarde nesse dia)

quarta-feira, 12 de março de 2008

# 6 Do ridículo

Sempre desconfiei das pessoas que se levam a sério demais. Que não riem, a não ser das suas auto-piadas-clichés. Que ouvem mas não escutam os outros. Que falam ininterruptamente sem necessidade de serem realmente escutadas. Daquelas que levantam as sobrancelhas para falar com a pessoa a meio metro de distância, como se estivessem a falar para o auditório todo. Que não olham nos olhos. Que não estabelecem uma ponte, como que tomados por uma presunção de esguelha pseudo-política. Que despejam clichés a toda a hora, denotanto um claro insulto à inteligência do interlocutor. Que, por qualquer motivo, se acham superiores.
Mas, sobretudo, das pessoas que não sabem rir de si próprias, como se elas fossem diferentes e não soubessem do ridículo que habita nelas, que habita em cada um de nós, inevitavelmente. Que não arriscam a exposição de uma bacorada, de uma piada sem graça. Que não arriscam.
Em paralelo a estas, estão aquelas que não perguntam, só afirmam. Com a convicção de quem vai levantar um prémio da lotaria. Porque não se toleram a dúvida nem a insegurança. Só pergunta quem sabe...já dizia o outro!
Mas voltando ao ridículo....todo o ser humano conhece bem dentro de si o seu ridículo e ainda bem que o disfarça...Mas é também esse ridículo que o aproxima dos outros seres humanos. Porque afinal, somos todos tão iguais nos nossos medos e angústias e expectativas e sonhos.
Mas há pessoas que na imbróglia tentativa de o abafar (ao ridículo), tornam-se ainda mais ridículas. E fazem desabrochar o um novo tipo de ridículo.
O ridículo inconsolável das pessoas sérias demais!

domingo, 9 de março de 2008

#2 gosto (do vinicius)


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
[extático da aurora.
[vinicius de moraes]